Entrevista de Dilma faz dólar atingir menor nível desde janeiro de 99

O dólar atingiu R$ 1,542 nesta jornada, menor patamar desde janeiro de 1999. A moeda perde força por conta de uma entrevista concedida pela presidente Dilma Rousseff, em que sinalizou foco na inflação, enquanto o câmbio poderia seguir apreciado. Em matéria publicada hoje no Valor, Dilma diz que, “desde o início”, foi feita uma pauta clara: controle da inflação, com ajuste nos gastos. Além disso, Dilma descartou medidas mais ousadas para conter a valorização do real. Nos próximos dias, ela vai anunciar medidas que podem ajudar a indústria nacional a conviver com o dólar desvalorizado por mais um tempo. São incentivos fiscais para a produção de manufaturados exportáveis, aumento da exigência de conteúdo nacional para a produção, compras governamentais direcionadas para estimular o índice de nacionalização e novos instrumentos de defesa comercial. Além da entrevista, outros fatores conspiram a favor da queda do dólar. O gerente de câmbio da Fair Corretora, José Roberto Carreira, lembra que as taxas de juros no país seguem extremamente favoráveis a arbitragem. Um terceiro motivo seria o embate em torno da dívida americana. O porta-voz da Câmara, John Boehner, republicano de Ohio, planeja reunir-se com os deputados de seu partido hoje para discutir a discordância entre os republicanos e o presidente Barack Obama sobre a ampliação da capacidade de endividamento do governo. Há grande expectativa no Capitólio de que Boehner anuncie um projeto para o teto da dívida. Em teleconferência ontem, Boehner não deu detalhes do que estuda propor, limitando-se a dizer que sua proposta abarca princípios do plano chamado de “corte, limite e equilibre”, que havia sido aprovado pela Câmara dos Representantes na semana passada e rejeitado no Senado três dias depois. O plano prevê cortes acentuados de gastos e condiciona o aumento do teto da dívida à aprovação de uma emenda constitucional que exija o equilíbrio orçamentário. Valor Econômico